terça-feira, 31 de maio de 2016

11 - Lenço de seda



O historiador seguiu com a carga preciosa ao longo da velha estrada, sem qualquer companhia, durante vários dias. As letras aproveitaram a viagem para se irem conhecendo, para saberem qual a sua proveniência, o valor e a idade que tinham. Os significados e nomes que as distinguiam tinham sido arquivados pelo historiador, assim como o seu tamanho, a hierarquia e a semântica que as caracterizava, os perfis dos seus significados, e os sonhos que faziam acontecer.
Efémera manteve-se adormecida, vencida pelo cansaço da descida. O pequeno lenço de seda colorida que a aquecia tranquilizava-lhe o sono. Pragmática estava colada ao seu lado, encostada à amiga. Ajeitou-lhe o lenço de seda e aproveitou-o para também tapar as suas pernas logo abaixo do joelho. Nepente, palavra antiga, copiou-lhe os gestos e as três palavras assim se mantiveram aconchegadas o resto daquela madrugada.

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